quinta-feira, 4 de junho de 2009

ESTÓRIAS DO JOÃO DA BOTA

Existem histórias que merecem ser contadas sejam elas folclóricas ou não.
Essa foi contada pelo João da Bota no dia 02 de junho de 2009 e segundo o contador de história, aconteceu pelos idos de cinqüenta, em uma cidadezinha do interior do Paraná, não sei se era Quatiguá ou São Sebastião da Amoreira. Um dos protagonistas era o pai do narrador, que chamarei de Seu Antonio.
Segundo João da Bota, seu Antonio era um senhor muito falante e também contador de “causos”. Político aposentado tinha por hábito, todos os dias, dar uma volta por toda a cidade, assim caminhava em torno de doze a treze quilômetros por dia.
Caminhava um pouco, tomava um cafezinho na venda do Seu Dito, caminhava mais um pouco tomava uma pinguinha no Bar do Serapião, na farmácia do Eunápio, mais algum tempo na porta, apreciando o movimento da cidade e trocando idéias com os amigos e assim passava o dia, de prosa em prosa.
Segundo o Paulino, era o fofoqueiro da cidade.
Eunápio, o farmacêutico, era um dos cidadãos mais respeitados da Comarca, pessoa de índole proba e ilibada, como diziam seus conterrâneos, casado com Sebastiana, filha do Abreu, tinha vindo do interior de São Paulo, ainda jovem, e ali se estabeleceu com sucesso, era um dos melhores amigos de seu Antonio, assim como era, também, Gomes o Coletor, casado com Santinha, ambos católicos e acima de qualquer suspeita.
Gomes, assim como seu Antonio perambulava pela cidade, quando não estava na coletoria. Sim, naqueles idos, ser coletor de impostos significava ser influente na cidade, embora não fosse político, proseava muito com seu Antonio.
Gomes já beirando os sessenta anos, costumava sair às oito horas, voltar para o almoço ao meio dia. Abria a coletoria, novamente às duas e a fechava às seis, religiosamente, como que a cumprir um ritual..... Eunápio, já não seguia o mesmo ritmo, visto que como proprietário de farmácia, atendia emergências e não podia seguir um horário tão preciso, além do que tinham os dedos de prosa depois do expediente.
A pacata cidade vez por outra era surpreendida, com cartazes colocados nos postes, delatando as aventuras amorosas de seus moradores...bem essa história eu conto depois.
Retornando ao assunto que interessa, seu Antonio, soube em suas andanças políticas, que o Gomes no dia anterior, não se sabe “porque cargas d´água”, resolveu voltar pra casa mais cedo e para sua surpresa encontrou o Eunápio farmacêutico, totalmente despido, aplicando uma “injeção” na Dona Santinha, também sem roupa no sofá vermelho da sala de estar de sua casa. Dizem que Dona Santinha ainda dava um bom caldo.
Segundo o Seu Antonio contou pro Serapião, Gomes ficou extremamente abalado e saiu de casa.
No dia seguinte os postes da cidade estavam cheios de cartazes dizendo: O Gomes pegou a Santinha pelada no sofá vermelho, dando pro Eunápio!!!”.
A cidade “pegou fogo”! Foi o assunto da semana.
O Eunápio sumiu e o Gomes também. Santinha não saiu mais de casa.
Passado algum tempo, seu Antonio percorrendo seus doze ou treze quilômetros, trajeto que mudara após o acontecido, passando pela frente da casa de Santinha, encontra o Gomes que ajeitava o jardim. Para ali um pouquinho, pensa e pergunta: e aí Gomes tudo bem? Voltou pra casa?
É, “perdoei ela”, vendi o sofá e voltei pra casa.

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